segunda-feira, 19 de outubro de 2009

RIO

Prioridades em ordem inversa

As expectativas para os dois próximos eventos esportivos na cidade do Rio de Janeiro não poderiam ter sofrido pior boicote após as últimas notícias sobre a conflagração do conflito entre a polícia militar e o crime organizado na região norte da cidade. Após circularem notícias pelo mundo sobre a conquista de credibilidade do Brasil a ponto de conseguir a vaga de sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas, imagens do chocante embate substituíram os espaços das páginas de jornal e sites onde, até então, notícias sobre o país vinham aparecendo positivamente.

A glória de conquistar a confiança internacional e receber expoentes esportivos e suas comitivas do mundo todo não pode coexistir com problemas tão sérios como a violência gerada a partir de um problema estrutural tão arraigado como o que existe no Rio de Janeiro. O terrível ciclo do tráfico de drogas (traficantes – violência – polícia – violência – consumidores de drogas – violência) e seus resultados: cada vez mais mortes - em número até maior do que o necessário em outros países para se admitir uma guerra civil.

Após a divulgação de imagens típicas de cenas de guerra, a Secretaria Nacional de Segurança Pública prometeu liberar uma verba de R$ 100 milhões para adquirir outro helicóptero no lugar do que foi derrubado pelos criminosos e reforçar a segurança.

Certamente o Brasil está numa situação delicada, a de arcar com a responsabilidade que assumiu ao se candidatar para os eventos internacionais no que diz respeito à segurança. Num ambiente cada vez mais violento, em que nem a própria polícia consegue ter controle sobre as ações do crime organizado, como receber centenas de atletas e milhares de turistas?

Contudo, ainda mais importante, como se pode voltar investimentos para recepcionar os eventos esportivos no Rio quando há tantas necessidades e deficiências ameaçando a sobrevivência de sua própria população? Enfim, que festa será essa?


Por Maricy Ferrazzo
Imagem: reuters.com

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