quarta-feira, 29 de julho de 2009

TRÂNSITO

Rodízio de congestionamento

Não é possível compreender a restrição à circulação de fretados na cidade de São Paulo. Essas pessoas que optaram por esse tipo de transporte vêm de muito longe para arcar com o gasto e o tempo prolongado de pegar três, às vezes até quatro, conduções por dia (e para voltar tudo de novo). Proibir a ajuda que a civilizada possibilidade dos fretados proporcionava não parece justo. Há pessoas que podem ter sido prejudicadas a ponto de terem ficado sem alternativas para chegar ao trabalho a tempo.

É estranho que os responsáveis por tal decisão não tenham cogitado cerca de 40 carros a mais nas ruas de São Paulo para cada ônibus proibido de circular. Ainda mais nessa época em que todos querem evitar o transporte público temerosos de serem contaminados pela indecifrável gripe suína.

O difícil de equacionar nessa questão é a tomada de tal resolução quando há inúmeros outros fatores que minam a fluidez do trânsito em São Paulo. Existem tantas leis e proibições, mas não há fiscalização séria. Por que os congestionamentos de quilômetros ocorrem nas marginais? Às vezes porque um único caminhão quebrou. Qualquer um que dirija nessa cidade sabe dos inúmeros veículos que descaradamente transitam sem a menor condição, prestes a quebrar ou causar uma colisão a qualquer momento.

Em relação à poluição, existe um número para denúncia de veículos emitindo gás carbônico em demasia pelos escapamentos, mas do que adianta? E as motocicletas? Não são todas, é claro, mas muitas contribuem para a poluição sonora da cidade. Qualquer motorista ou passageiro provavelmente já teve os tímpanos agredidos pelos sons de motores desregulados desses veículos.

Se por algum tempo a organização a que as leis servem fosse posta em prática em São Paulo, haveria muito mais resultado do que decisões como a que cerceou a circulação dos fretados. Afinal de contas, não há impostos para custear os serviços de manutenção e fiscalização das ruas?

E o outro fator chave: A cidade não quer atrair cada vez mais investimento, movimentação de capitais, logo, capital humano? O governo federal não facilita a compra de automóveis anulando impostos? A que outro resultado tal equação poderia chegar? Obviamente a metrópole mais rica do país acabaria entupida, literalmente. Dessa forma, tentativas superficiais de resolver um problema estrutural certamente só servem para “deslocar” o problema. Aí está mais um rodízio para São Paulo, o rodízio de congestionamento. Hoje aqui, amanhã lá.





Por Maricy Ferrazzo
Imagem: www.ultimosegundo.ig.com.br

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