Para os microscópios não, mas para as pessoas de todo o planeta a influenza A é uma ameaça invisível e que, a despeito das iniciativas do setor de saúde, ainda permanece misteriosa. A contaminação é fácil e, estranhamente, as vítimas fatais parecem ser justamente aquelas que estavam com o sistema imunológico e saúde de uma maneira geral em boas condições.
Há quem afirme que a influenza A ou gripe suína é uma gripe como qualquer outra. Está enganado. O vírus que transmite a gripe A é uma mutação de vários vírus de gripe diferentes. Tanto que a Organização Mundial da Saúde ainda não conseguiu traçar exatamente os grupos de risco em relação a essa doença. No entanto, grávidas e crianças parecem estar mais expostas à contaminação. E isso sozinho já é um fator alarmante.
Durante a primeira postagem sobre o assunto neste blog, no estado de São Paulo o número de mortos pela gripe totalizava 15, era dia 20 de julho. Hoje, este número já subiu para 27. 56 no país, confirmados. No entanto, há aqueles casos abafados pelas prefeituras, em diversas cidades. Em pleno século XXI as pessoas ainda não tiveram a prática do direito por transparência assegurada.
Fala-se muito nas formas de prevenção contra o contágio, mas nada sobre as medidas de tratamento. Segundo o atendimento via telefone que o Ministério da Saúde vem prestando para a população, o Disque Saúde (0800 61 1997), a única orientação é que o indivíduo com suspeita de contaminação se dirija a um posto de saúde onde poderá receber um diagnóstico. Ainda segundo o serviço, a rede pública tem os medicamentos para tratamento, que são aplicados em até 48 horas após o diagnóstico. Mas as pessoas contaminadas estão morrendo em sete dias, nem todas desconfiam nos primeiros dias que se trata do vírus A, o que leva à conclusão que a gripe suína, neste país, é praticamente letal. Especialmente se lembrarmos de regiões mais carentes, de pessoas que não irão procurar tratamento, de hospitais superlotados...
Máscaras pontilham cidades como São Paulo, a proibição aos fretados deixa as linhas de metrô ainda mais lotadas nos horários de pico, o frio e a chuva intermitentes completam o cenário favorável à pandemia. Parece a descrição de um desses filmes sobre o fim do mundo, em que a raça humana está para ser varrida do planeta. Mas esse cenário não se limita a São Paulo nem muito menos ao Brasil. Em países do hemisfério norte onde já não há mais o frio canalizador do vírus, vários continuam morrendo. Lá, neste momento, as pessoas estão comprando modelos mais elaborados de máscaras faciais para saírem nas ruas.
Embora milhões tenham morrido, a História conserva os registros de outras epidemias que não extinguiram a raça humana: a gripe espanhola no século XX, a peste negra no século XIV, mas uma sinistra diferença nos separa desses episódios e agrava nossas perspectivas: somos um mundo globalizado. Estamos intermunicipal, interestadual e internacionalmente ligados. Temos uma coisa chamada transporte público. Como conter algo tão facilmente disseminado num ambiente assim?
quarta-feira, 29 de julho de 2009
H1N1
Invisível, indecifrável e letal
Por Maricy Ferrazzo
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