Mulheres ao longo da História já foram escravas, queimadas em fogueiras, condenadas ao apedrejamento, enclausuradas, torturadas e submissas a diversas formas de flagelos físicos e mentais – tudo isso para conquistar os direitos hoje previstos e ainda escassos ou inexistentes em muitas partes do mundo. A menor força física e a atração sexual natural do sexo oposto por muito tempo foram os elementos trágicos da trajetória feminina. Comparada às épocas remotas, nossa atualidade permite uma liberdade edificante às mulheres, permite o direito de ir e vir, de trabalhar, de se expressar, de escolher e de exigir respeito. No entanto, nem sempre o que está outorgado no papel se impõe na prática.
Parece ainda distante o dia em que uma mulher poderá optar por realizar atividades que não a exporão ao preconceito e até mesmo à violência, como a possibilidade de transitar por qualquer lugar sem temer ser vítima de abuso sexual pelo simples fato de ser mulher. E esse abuso não se limita à agressão física, mas se estende à agressão verbal. Por que as mulheres têm às vezes de sair de casa para trabalhar, por exemplo, e ouvir grosserias de estranhos na rua? Por que alguns homens acham que têm o direito de dizer o que bem entenderem para uma mulher nessa situação? Ou de tratá-las com violência e descaso?
Talvez se possa culpar, além de uma insistente cultura machista, a construção de valores baseada na exploração da imagem feminina. Basta ligar a televisão ou abrir uma revista para que se encontre a mulher novamente retratada como a escrava sexual da Antiguidade, um corpo e nada mais. Provavelmente, nesse caso, o maior inimigo das mulheres sejam elas mesmas, ao permitirem um culto limitado a seus dotes físicos - isso quando não vêm apregoados a conceitos de sensualidade que agridem exatamente o respeito próprio.
O fim do romantismo de que muitas mulheres se queixam se origina exatamente dessa industrialização e banalização dos encantos femininos. Não que uma mulher não possa tomar iniciativas ou permitir ser admirada, mas que o faça valorizando tudo o que é, ou seja, muito mais que apenas um corpo.
Por Maricy Ferrazzo
Imagem: i299.photobucket.com/.../MulherMelancia_03.jpg
Imagem/ mosaico: http://www.brandeis.edu/
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