segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

COMPORTAMENTO

Em favor da igualdade


Na véspera do Ano Novo, por causa de uma falha de áudio, um comentário, no mínimo infeliz e preconceituoso, foi feito por um âncora de telejornal logo após ter sido veiculada uma manifestação de “Feliz Ano Novo” de dois garis paulistanos. A observação foi parar no Youtube.

O comentário em questão, nem vale a pena registrar aqui, pois, além de conter palavras ‘chulas’, ofende a classe de trabalhadores braçais que mais colabora para a limpeza e manutenção da cidade de São Paulo. Sem eles, a capital paulista seria ainda mais caótica do que é em tempos de bueiros entupidos e enchentes. E, infelizmente, alguns somente valorizam o serviço desses indivíduos quando a sujeira, literalmente, bate à porta.

O jornalista, ainda que por um erro de áudio, não deveria ter feito tal comentário com seu companheiro de telejornal. Mas acabou indo ao ar. Mesmo com um pedido de desculpas tardio, o estrago já estava feito. Afinal de contas, apenas mostra o nível de arrogância que existe por trás da pessoa que transmite notícias sobre tragédias e má administração pública, cobra soluções eficazes por parte do Governo, mas ao mesmo tempo é capaz de agredir verbalmente simples cidadãos que tudo o que fizeram foi desejar um “Feliz Ano Novo”. Mesmo que esses trabalhadores fizessem parte da classe pertencente ao “mais baixo escalão”, - nos dizeres do próprio comunicador - ainda assim, como qualquer trabalhador, merecem todo o respeito.

Em países como o Japão, por exemplo, funcionários da limpeza pública são valorizados e bem remunerados porque lá todos reconhecem a importância do trabalho que exercem. Aqui, são seres invisíveis que recolhem a sujeira de todo morador ou transeunte, sem distinção – e ganham pouco comparado ao esforço diário de catar o lixo, varrer ruas e calçadas, seja com sol ou chuva, no frio ou no calor. Ainda assim, com um sorriso no rosto, na maior humildade, são capazes de mandar uma mensagem de otimismo e alegria, ao contrário de outros empregados recolhidos em escritórios com ar condicionado e que possuem um contracheque alto.

Não desmerecendo nenhuma profissão ou trabalho, todos são essenciais de alguma forma para o desenvolvimento do nosso país, entretanto, são os trabalhadores braçais que movem o Brasil. Seja na estrada, na terra, plantando e colhendo, construindo e limpando todos contribuem com o seu suor. Ninguém é melhor que ninguém, todos fazem parte da mesma engrenagem, tire uma peça e o sistema para.


Por Joelma Godoy de Mello

Imagem:esteestadisponivel.blogspot.com/2009/04/preco


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