segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sobre o direito de envelhecer



Não são poucos os dizeres publicitários ou as matérias voltadas para beleza que incitam, especialmente a mulher, a não envelhecer. Entre as frases imperativas e conselhos considerados essenciais, se encontra a ideologia da beleza eterna. São os cremes para o rosto conhecidos pelos prometidos resultados “antiidade”; fórmulas oferecidas por revistas para aparentar cinco, dez anos a menos, dicas para mulheres adultas regressarem em aparência aos anos da adolescência.

Há, claramente, uma supervalorização da beleza juvenil – e isso não apenas no setor dos cosméticos – a moda traz muita inspiração voltada para um público estritamente jovem. Quem não se adequa ao formato, fica depreciado.

Obviamente, é complicado dialogar sobre o assunto, mesmo porque faz parte do respeito próprio do ser humano buscar o melhor para a sua saúde e para o seu bem-estar, logo, nesse sentido, buscar uma tal juventude é mais que saudável. O que é abordado aqui é quando essa juventude idealizada se concentra mais na aparência, na imagem, e impõe desafios ao bem-estar e à saúde.

Por que a beleza da maturidade não ganha espaço também? O ser humano trilha por todas as fases da vida e pode se sentir pleno em cada uma delas. No entanto, a imagem parece tão supervalorizada na atualidade, que a preocupação em permanecer na juventude acabou migrando da aparência para o comportamento. São alterações comportamentais que surgem sutilmente e, aos poucos, transfiguram características da sociedade. E isso ocorre mundialmente. Novamente, reforça-se que sentir-se jovem é fator de felicidade, mas comportar-se de maneira a parecer jovem pode comprometer mais uma vez a saúde e, principalmente, tornar artificial algo que deveria ser espontâneo.

Homens e mulheres têm o direito de envelhecer. Acontecerá com todos. E apegar-se desesperadamente a uma aparência juvenil pode trazer frustrações terríveis. Há que se prevenir contra as cobranças da vaidade, principalmente porque elas são repetidas constantemente no cotidiano das pessoas, em especial no das mulheres. As “ordens” para não envelhecer estão nas revistas, nos outdoors, nos programas de televisão, na vida das ditas celebridades e, de alguma forma cada vez mais fortemente, na mentalidade das pessoas.

A frase antiga já diz, “a natureza é sábia”, ela transporta as pessoas de uma fase à outra da vida biológica de forma sutil. Conforme o corpo se transforma, uma lição parece aflorar, a de que se deve cultivar, além da saúde, o que realmente dura para sempre: a essência.


por Maricy Ferrazzo

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