sexta-feira, 8 de abril de 2011

CHACINA NO RIO


Monstros existem?

O ataque à escola municipal do Rio que ceifou a vida de 13 crianças da forma mais brutal e banal possível já repercutiu o suficiente para que a respostas à pergunta acima seja “sim, eles existem”.

Os choques causados pelos desdobramentos da violência no Brasil, cada vez mais numerosos, já incitaram discussões que vão desde a diminuição da idade penal até mesmo à instituição da pena de morte, focando, assim, a punição ao invés da reforma basilar da sociedade.

Toda a insegurança e o medo que os milhares casos de violência cotidianos impõem à população já podem ser observados em inúmeras facetas da vida do brasileiro. Nossas casas assemelham-se cada vez mais a bases militares – com cercas, grades e câmeras de segurança; nossos carros são blindados; nossos olhares são desconfiados, os outros são sempre estranhos e perigosos. Contudo, enquanto não houver iniciativas de melhorar a própria sociedade, de nada adiantará se esconder atrás de grades ou vidros inquebráveis, pois, como o caso da chacina no Rio mostrou nessa quinta-feira, se você não sair, a violência entra para te pegar.

O genocida que enfileirou as crianças antes de executá-las assumiu mais ou menos o papel de um terrorista como quem copia um ídolo, porém diferentemente dos homens-bomba, lhe faltava a prerrogativa política por trás do crime. Ou seja, o ocorrido foi mesmo o ato de um monstro.

Monstro quase na acepção literal da palavra. A investigação acerca da vida e dos motivos do atirador deixaram claro que se tratava de uma pessoa com distúrbios mentais, mas não louca. Wellington Menezes de Oliveira aparentemente tinha também sido vítima psicológica de outras violências passadas, da exclusão e de traumas sociais que, quando encontram caráteres mais fracos, podem manufaturar tragédias e dar continuidade ao seu ciclo catastrófico.

Surgem muitas outras perguntas, mas o essencial é se perguntar por que existem os monstros, e averiguar se, por nossas omissões, não somos nós mesmos que os estamos criando. Por


Maricy Ferrazzo

Imagem: wellcultured.com

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