segunda-feira, 24 de maio de 2010

Outros motivos para nacionalismo além da Copa

Muito embora as expectativas insurgentes em época de Copa do Mundo sejam por causa do futebol, há alguns fatos que todo brasileiro deveria saber. São eles os agentes da nova projeção geopolítica do Brasil no plano internacional.

Em detrimento da recente decisão do Brasil de apoiar o enriquecimento de urânio do Irã, o ex-embaixador brasileiro nos Estados Unidos e Grã-Bretanha, Rubens Barbosa, falou à mídia sobre a crecente presença internacional do Brasil. Segundo ele, primeiramente, há que se considerar todas as mudanças conjecturais pelas quais o mundo vem passando nos últimos anos, desde o âmbito social até o político e econômico. O fim da era do unilateralismo norte-americano possibilitou o surgimento de diversas outras fontes de poder descentralizado. É nesse momento que o Brasil começa a galgar um caminho mais relevante para maior credibilidade internacional. Segundo o ex-embaixador, o Brasil estaria “se beneficiando da desordem internacional”.

O motivo inicial para esse alargamento da presença brasileira junto à comunidade internacional seria a questão doméstica. A democracia brasileira teria conseguido se fortalecer durante os momentos de estabilidade dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula, também relacionados ao equilíbrio inflacionário, à situação fiscal em boas condições e a taxa de câmbio flutuante. Todos esses fatores, mais o crescimento industrial tão ou quase tão expoente como o crescimento da classe consumidora, teriam dado o esteio econômico basimentar para o processo de fortalecimento político.

Nesse quesito, a globalização de empresas brasileiras são provas de sua modernização. Outro fator marcante seria a diversificação do setor de serviços e o desenvolvimento do setor agricultor, cuja presença no mercado externo é protagonista. Viu-se o risco país diminuir e o capital estrangeiro voltar seu olhar perspicaz para essa direção.

De acordo com as estatísticas de diversos órgãos de regulação econômica internacional (Banco Mundial, OMC), Brasil e China são os principais países liderando o ranking de expoentes mundiais em crescimento, porém com uma essencial diferença: o Brasil prospera dentro de um sistema democrático, que muito embora tenha falhas e ainda precise de reformas, ainda é reconhecidamente credível diante do mundo. Diferente do que ocorre na China, onde o capital é atraído apoiado na exploração da mão-de-obra barata e desprotegida legalmente.

Dessa forma, como novo e significativo “player” do tabuleiro geopolítico, a voz do Brasil não pode mais ser ignorada em questões mundialmente relevantes como direitos humanos, comércio internacional, mudança climática, energia, entre outras de grande importância.

O histórico pacífico do país tem também em muito contribuido para a sua credibilidade junto às organizações multilaterais, onde o Brasil é conhecido pela capacidade de buscar e aplicar “consensos”. No plano social, a possibilidade da coexistência de diversas etnias e religiões em solo brasileiro também é um fator que chama a atenção, especialmente quando o mundo sofre com manifestações xenófobas e a existência do terrorismo. Obviamente, faz-se aí a ressalva dos casos isolados, não em pequena quantidade, que todos os dias ocorrem no país, no entanto, de forma geral, não têm sido suficientes para inclur o Brasil na lista dos países em conflitos culturais-religiosos. Além disso, diametralmente oposto à antiga racionalidade da Guerra-Fria, hoje, o fato de o Brasil não ser uma potência nuclear tem aumentado seu poder de influência.

Segundo o Conselho de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, será o Brasil a nova superpotência econômica nos próximos 15 anos, porém, se as reformas necessárias forem realizadas, basicamente as reformas: tributária, política, trabalhista e da securidade social.

É melhor o brasileiro torcer para isso também.


Por Maricy Ferrazzo

Fonte: BBC International

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