Marie Curie – uma vida pela Ciência
“A vida não é fácil para nenhum de nós. Mas e daí? Devemos ter perseverança e, sobretudo, confiança em nós mesmos. Devemos acreditar que temos um dom para algo e que esse algo deve ser alcançado.”
Marie Curie
Numa época em que infelizmente grande parte das mulheres conquista notoriedade perante a sociedade em detrimento apenas de qualidades físicas, relembrar a trajetória de vida de Marie Curie pode servir como grande incentivo para todas aquelas que sonham com realizações profissionais e em desbravar campos anteriormente creditados apenas ao trabalho dos homens.
Marie Curie (neé Skłodowska) foi o que se pode chamar de uma mulher completa. Viveu para a vida científica, para a vida familiar, e ainda deixou um legado em pesquisa ao qual a humanidade precisa ser grata. Nascida em 1867 em Varsóvia, Polônia, a quinta filha de um casal de professores, Marie passou por necessidades quando ainda era muito jovem. Tanto ela como seus irmãos e irmãs queriam continuar os estudos, mas a família, empobrecida, não podia financiar a vida acadêmica de nenhum deles. Marie, então, fez um acordo com uma das irmãs, ela trabalharia para pagar seus estudos e, quando estes chegassem ao fim, a irmã faria a mesma coisa por ela.
Depois de iniciar seus primeiros treinamentos científicos nos laboratórios do Museu da Indústria e Arquitetura de Varsóvia, Marie rumou para a Sorbonne em Paris, onde passou a estudar física, química e matemática com grande brilhantismo. Lá, ela conheceu seu futuro marido, Pierre Curie, um instrutor da École Supérieure de Physique et de Chimie Industrielles de la Ville de Paris. Naquele mesmo ano, Marie se candidatou a um cargo de professora na Universidade da Cracóvia, o qual lhe foi negado por ela ser mulher.
Em 1896, já casada e mantendo um laboratório junto com o marido em Paris, Marie passou a realizar experimentos com o recém-descoberto urânio, constatando que os raios desse elemento tinham o poder de transformar o ar num condutor de energia. Suas pesquisas incansáveis mostraram que a radiação não surgia da interação entre moléculas, mas provinham do próprio átomo. O que pode parecer uma constatação simples, daria base para diversas tecnologias no futuro, como a invenção do raio-x e da quimioterapia, por exemplo.
Sabendo que a sociedade científica de sua época dificilmente reconheceria tais descobertas como sendo de uma mulher, Marie Curie se apressou em publicá-las na revista da Académie des Sciences. Em dezembro de 1898, Marie e Pierre Curie publicaram outra descoberta, o rádio, um metal altamente radiativo.
Enquanto o casal trabalhava incessantemente em seus experimentos científicos, ainda não desconfiavam das consequências que o manuseio de tais elementos traria para sua saúde. A exposição à radiação em seu laboratório era tão alta que, à noite, quando iam se deitar, as mãos e partes da roupa emanavam um brilho azul-esverdeado no escuro.
Em 1903, Marie recebeu o Prêmio Nobel em Física. Oito anos depois, já mãe de duas filhas, recebeu o Prêmio Nobel em Química, se tornando um nome conhecido e respeitado, porém não o suficiente para ser aceita como membro da Académie des Sciences; o motivo, novamente: por ser mulher. No mesmo ano, Marie foi hospitalizada com complicações de saúde.
As consequências da exposição à radiação haviam começado. A saúde do casal fora afetada, mas, mesmo a par dos riscos, e depois da morte do marido, Marie decidiu continuar sua dedicação à Ciência. Os últimos anos de sua vida ela passou em seu laboratório e realizando atos beneficentes. Em 1934, morreu do que na época foi diagnosticado como um tipo avançado de anemia, o que, hoje, é conhecido por leucemia e que, graças ao seu legado, pode ser tratada.
O laboratório de Marie está atualmente preservado no Museu Curie, em Paris. Suas anotações, objetos de trabalho, e até mesmo seu livro de receitas culinárias estão guardados em caixas especiais, devido à alta radiação que ainda emana deles (ainda brilham no escuro), e para serem consultados exigem todos os aparatos anti-contaminação.
Marie Curie é um exemplo de coragem e competência. Primeira mulher a receber um Prêmio Nobel, ela é uma das responsáveis por provar que a mulher é tão capaz quanto o homem intelectualmente. Devido à doação que fez da própria vida para a física e a química, hoje milhares de mulheres têm chances de sobreviver ao câncer.
Por Maricy Ferrazzo
Fontes: Wikipedia.com
nobelprize.org
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