Novas leis de trânsito, Código do Consumidor, Procon, Inmetro... tais instituições seriam a garantia de uma sociedade segura e justa se houvesse fiscalização e se, com ela, a prática do disposto na lei fosse realizada. Mas não há.
É impossível não colocar em dúvida o status do Brasil de país em desenvolvimento quando se depara com agressões aos direitos humanos, civis e do consumidor, todos de uma vez só, ao constatar que a vida do brasileiro não inspira respeito. As imagens acima foram tiradas por mim de dentro de um ônibus, de linha intermunicipal, no litoral sul de São Paulo. O cinto de segurança da poltrona de número 15 estava literalmente rasgado, faltava um pedaço, não era mais cinto, muito menos de segurança.
Isso é a imagem do desrespeito ao ser humano, ao brasileiro e, finalmente, ao consumidor. Esses três diferentes caráteres de um mesmo indivíduo, que paga seus impostos, suas tarifas e taxas em demasia, estão em perigo neste país.
A qualidade do bem-estar social de uma nação não se mede pelas estatísticas plasticamente perfeitas dos websites governamentais ou pelo discurso de seus dirigentes, mas sim na simples e cotidiana tarefa de procurar o cinto de segurança num veículo de transporte público. Há tanta penalidade para o motorista individual irregular, e ao mesmo tempo se permite que uma empresa privada deixe uma unidade de sua frota circular nesse estado?
Não seria porque todos visam o Brasil e sua gigantesca massa consumidora destituída de capacidade crítica? Ah! Então isso explicaria a recorrente queda de qualidade de diversos serviços e produtos de alguns anos pra cá.
Obviamente, antes que se cogitem as desculpas, as estatísticas duvidosas e o tradicional otimismo alienado, na volta, novamente me deparei com um cinto de segurança inutilizável.
Esse me parece o pior estado de natureza, sem um Estado que o organize e ao mesmo tempo explorado por um capital que o desconsidera.
Por Maricy Ferrazzo