
Prioridades em ordem inversa
As expectativas para os dois próximos eventos esportivos na cidade do Rio de Janeiro não poderiam ter sofrido pior boicote após as últimas notícias sobre a conflagração do conflito entre a polícia militar e o crime organizado na região norte da cidade. Após circularem notícias pelo mundo sobre a conquista de credibilidade do Brasil a ponto de conseguir a vaga de sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas, imagens do chocante embate substituíram os espaços das páginas de jornal e sites onde, até então, notícias sobre o país vinham aparecendo positivamente.
A glória de conquistar a confiança internacional e receber expoentes esportivos e suas comitivas do mundo todo não pode coexistir com problemas tão sérios como a violência gerada a partir de um problema estrutural tão arraigado como o que existe no Rio de Janeiro. O terrível ciclo do tráfico de drogas (traficantes – violência – polícia – violência – consumidores de drogas – violência) e seus resultados: cada vez mais mortes - em número até maior do que o necessário em outros países para se admitir uma guerra civil.
Após a divulgação de imagens típicas de cenas de guerra, a Secretaria Nacional de Segurança Pública prometeu liberar uma verba de R$ 100 milhões para adquirir outro helicóptero no lugar do que foi derrubado pelos criminosos e reforçar a segurança.
Certamente o Brasil está numa situação delicada, a de arcar com a responsabilidade que assumiu ao se candidatar para os eventos internacionais no que diz respeito à segurança. Num ambiente cada vez mais violento, em que nem a própria polícia consegue ter controle sobre as ações do crime organizado, como receber centenas de atletas e milhares de turistas?
Contudo, ainda mais importante, como se pode voltar investimentos para recepcionar os eventos esportivos no Rio quando há tantas necessidades e deficiências ameaçando a sobrevivência de sua própria população? Enfim, que festa será essa?
Por Maricy Ferrazzo
Imagem: reuters.com
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